segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quero ser machão

Broca? De 5 ou de 8? Concreto ou madeira?

Ando procurando um curso para formação de machões para solucionar problemas como esse.

Não sei se isso é um mal de todos os homens dessa geração de vinte e poucos anos ou se é um defeito só meu mesmo.

Explico: sou uma total negação para as atividades domésticas.

Sabe aquelas missões que são de responsabilidade do homem da casa, do chefe da família?!

Coisas que nossos pais tiravam o domingo para fazer?! Limpar ralos, desentupir pias, instalar armários, lustres, trocar chuveiros. Afazeres que os velhos analisavam a semana toda como deveriam ser feitos.

Depois, corriam para o armário, sacavam suas maletas 007 de onde tiravam lindas furadeiras devidamente acompanhadas de inúmeras brocas, uma para tipo de material a ser perfurado, dos mais diferentes tamanhos.

Não sou muito amigo de furadeiras.

É certo que nunca me senti tentado a estabelecer um diálogo com o barulhento equipamento, tão amigo dos chefes de família.

E, para piorar, tenho um medo incompreensível de eletricidade, o que faz com que eu sempre saia para comprar cigarros, embora não fume, na hora de trocar a resistência do chuveiro e sue frio até mesmo para substituir uma lâmpada.

Já me peguei pensando onde foi parar essa vocação para pequenos reparos tão presente nas antigas gerações.

Por que não passou de pai para filho?

Teria ela sucumbido diante das delícias da TV a cabo?

Ou fora engolida pela correria do dia a dia?

Já ouvi gente dizer que os culpados são os minúsculos apartamentos alugados, que substituíram as enormes e aconchegantes casas feitas para toda a família e para toda vida. Em um lugar que é dos outros e onde vai se morar por pouco tempo, não se tem vontade de fazer nada.

No entanto, conheço quem, ainda hoje, ande pela casa em vistoria constante, atento a cada parafuso solto, mancha na parede ou dobradiças sedentas por óleo Singer. Queria ser assim...

Por isso, acredito que um ‘curso intensivo para formação de machões domésticos’ poderia resolver meu problema e impedir que minha esposa dê sempre uma risadinha quando alguém sugere soluções simples como “ah, é só fazer um furinho aqui” ou “É só trocar a resistência”

Um bom slogan para o intensivão seria “Aprenda a desntupir pias e ralos, instalar máquinas de lavar, armários e demais utensílios domésticos em apenas uma semana! “.

Se alguém ficar sabendo de um curso desses, me avise.

Em duas aulas, tenho certeza que saberia qual broca usar para furar essa parede da cozinha sem precisar ligar para o velho, no meio de uma tarde de domingo, e vê-lo entrar por aquela porta com sua maleta 007.

Bastava ele me dizer qual o tamanho da broca: de 5 ou 8? É a que fura concreto ou madeira?

6 comentários:

Anônimo disse...

eu prefiro continuar no meu estilo machão q nao sabe usar furadeira... hehehe. abração do botter.

Thiago disse...

E eu achando que esse era um problema dos filhos de pais separados criados pelas mães e avós.

Victor Farinelli disse...

Eu também não sei nada disso, mas até agora não tive problema, nunca surgiu a ocasião de ter que saber.

Se bem que eu também acreditava que nunca seria capaz de troar um fralda e cuidar duma criança, às vezes a gente descobre talentos do nada...

... o resto é silêncio!

Gabi Mazza disse...

Maykon,

Adorei o blog e o estilo das "amenidades". Ganhasses leitores do extremos sul, onde as caixinhas "007" são presente de enxoval quando se descobre ser menino!!!
bj,
Gabi

Mauro Castro disse...

Agora, Maykon, vamos combinar: liquidificador batendo às 2 da matina é fogo, tchê!
Há braços!!

André Leite disse...

Gostei esta amenidade...
Na casa da minha mãe, meu pai só explicava e não deixava eu chegar perto... até desanimei com este assunto.

Hoje, na minha casa, sinto um enorme prazer ao abrir a maleta 007... acho que me tornei um machao.

Parabéns pelo texto. Me fez refletir.

Obrigado.