quinta-feira, 17 de março de 2011

Parabéééééns!

Isto foi há quase um mês. Começou quando pulou uma janelinha do MSN. Um amigo digitando o nome de famosos que faziam aniversário no dia 23 de fevereiro. Não entendi nada.

E como acontece sempre que não entendo alguma coisa, digitei “hehe”. É a minha risada sem graça virtual.

Ele insistiu. “E tem esse, e aquele outro, e mais esse, e aquele...” Resolvi perguntar o que ele queria com aquilo.

Enquanto esperava uma resposta, vejo pular outra janelinha: “Felicidadeeeeees!!!”.

Antes que eu esboçasse uma reação, pula outra com um desenho de um bolo com velas em cima.

Quando já não estava entendendo absolutamente mais nada, o dono da primeira janela responde em letras garrafais: “PARABÉÉÉÉÉÉÉNS, NÃO ESQUECI, NÃO, SÓ TAVA TE ZUANDO. FELIZ ANIVERSÁRIO!”.

Levantei, assustado. Por alguns segundos, fiquei chateado com a minha mulher que não me levou café na cama e saiu sem dar meu presente.

Nem um bilhetinho embaixo do travesseiro.

E o que dizer da minha mãe que não tinha me ligado até aquela hora?! Quase 10 da manhã! Que tipo de mãe esquece do filho no dia do aniversário?!

Voltei ao computador e comecei a explicar que não nasci dia 23. E mais: não foi nem em fevereiro que resolvi dar às caras nesse mundão de meu deus. Desde sempre foi março. Dia 18.

“Mas, foi o Facebook que avisou”, ele retrucou.

Realmente, tomei posse de um perfil que o próprio site tinha feito, com meu nome e e-mail, e que reunia amigos meus. Parece que fazem isso automaticamente pra estimular as pessoas a participar. Mas, não me lembro de ter preenchido qualquer informação pessoal. Devem ter feito isso por conta própria também.

E as janelinhas de MSN não paravam de pular.

Cheguei até a ficar chateado por não fazer aniversário naquele dia.

Tanta gente me dando parabéns e eu, simplesmente, como que por pirraça, esperando pra comemorar quase um mês depois.

Percebi que a coisa estava séria quando atendi ao telefone e, do outro lado, um afinado e emocionante “Parabéns pra você”. Para mim, no caso.

Sempre que imaginava cena parecida, me vinha à cabeça a voz da Marilyn Monroe. Cafona e previsível, eu sei.

Mas, o fato é que demorou 30 anos pra acontecer, e, quando aconteceu, foi a voz de um amigo do colegial que escutei (colegial! Alguém lembra?! OSPB?!).

Voz grossa. E na data errada.

Deixei ele terminar pra não cometer nenhuma indelicadeza e, quando ia explicar o engano do Facebook, ele manda um: “aparece na janela do teu quarto”.

Lá estava ele. Do outro lado da rua. Sorriso largo, braços abertos.

Antes de sair de casa, leu que era meu aniversário, ia passar ali por perto, resolveu me dar um abraço. “Desce aí”.

Faltou coragem pra revelar a verdade. Tantos anos que a gente não se via. Eu seria muito insensível.

Só agradeci. Reconheci que faria 30 anos, concordei que estávamos envelhecendo, recebi um forte abraço, sinceros votos de paz, saúde e muitas felicidades e voltei pra casa.

Hoje, corrigi meu cadastro no Facebook. Sei que o amigo do colegial vai ligar e perguntar como posso fazer aniversário pela segunda vez no mesmo ano.

Ainda não sei o que responder. Talvez, não atenda
.

3 comentários:

Carol disse...

"Parabéns prá você, nesta data querida" - com voz fanha de quem está gripada. Só não me confundi no dia, porque você faz aniversário no mesmo dia que meu pai. Menos um prá ter que explicar o mal entendido...

André Leite disse...

Parece que a "Rede Social" aproximou mais as pessoas de você, o tornou mais querido.
Acho que esta hitória daria até um curta metragem, melhor do que o longa sobre a famosa "rede social".

Quanto ao amigo, atenda e diga que dia 18 é a data da festa, adiada por motivos financeiros e receba o caloroso abraço novamente.

E até lá: - Feliz Aniversário, Maycon!

benitovasques disse...

Fazer aniversário aos 30 anos já não tem aquela graça toda dos 5 aninhos, já não temos mais velinhas, bolinhos coloridos, lembrancinhas e festinhas alegres. Receber felicitações então, só via orkut ou facebook, dado o resfriamento das nossas relações. Talvez, Maykon, se ainda existissem donas Adeildes por aí a sua primavera fosse feita de abraços e cafés fervidos num fogão vermelho. Bolinhos, velinhas, lembrancinhas, como fazem falta, e eu nem facebook tenho.