A princípio, ela estranhou o pedido e logo achou que não passava de mais uma das minhas brincadeirinhas ao telefone. Riu.
Quando fiz ela prometer que me largaria se aquilo acontecesse com a gente, ela entendeu a gravidade do problema. Para arrematar o assunto, narrei a história:
“Ontem, cheguei na casa da minha irmã e vi meu cunhado resmungando por que não queria sair de casa. Queria ficar vendo TV e não podia perder a final de um programa muito especial.
Olhei para o aparelho e vi qual era o tal programa: um daqueles concursos americanos para ver quem come mais cachorro-quente... cachorro-quente, não... Hot dog!”.
Terminei com um dramático: “se um dia eu me acomodar na vida, você promete que me lembra dessa cena do cachorro quente?!”
Fico apavorado com essas terríveis visões de futuro. É como se Deus, ou alguma entidade que o valha, me jogasse na cara: se você não se cuidar, faço isso contigo. Como se prometesse me deixar gordo, plantado de frente para TV, com uma latinha de cerveja equilibrada sobre a barriga e vestígios de molho de macarrão na barba por fazer.
Nada contra quem ache lúdica e promissora a visão futura do gordo sentado no sofá.
Tenho amigos que não se incomodariam com isso e sorriem invejosamente quando vêem a imagem do Homer Simpson. Alguns até se imaginam como os grandes campeões do concurso ‘para ver quem come mais cachorro quente’ e, inclusive, já treinam para isso.
Também corro o risco de cair nessa.
Todos correm.
Talvez, ela esqueça de me chantagear com a cena do cachorro quente daqui a 5, 10, 20, 30 anos, quando o monstro da comodidade me atacar.
Talvez, o monstro ataque ela primeiro.
O fato é que me apavoro com isso. Me apavoro com a ideia da casa própria que nos prende eternamente no mesmo lugar, do carrão para a família, da comemoração dos 10 anos de trabalho com os amigos da repartição, do happy hour toda sexta e do sexo às quartas e sábados após à novela.
Talvez, eu tenha um bloqueio contra as coisas que ameaçam ser definitivas e insuportavelmente rotineiras.
Talvez, o alto número de “talvez” por frase denuncie a necessidade de buscar ajuda psicológica.
Farei isso depois, certamente. Depois do jogo de quarta à noite. Depois da macarronada de domingo. Depois do dia 10. Depois...
Enquanto isso, empurro com a, já protuberante, barriga.
Tentando me lembrar, em meio ao turbilhão de informações, compromissos e telefonemas, de não cair no lugar comum, me afundar na rotina, ou ir pelo caminho mais fácil.
Esperando escapar do dia em que ela vá interromper os meus resmungos e dizer: “lembra da cena do cachorro-quente...?”
Quando fiz ela prometer que me largaria se aquilo acontecesse com a gente, ela entendeu a gravidade do problema. Para arrematar o assunto, narrei a história:
“Ontem, cheguei na casa da minha irmã e vi meu cunhado resmungando por que não queria sair de casa. Queria ficar vendo TV e não podia perder a final de um programa muito especial.
Olhei para o aparelho e vi qual era o tal programa: um daqueles concursos americanos para ver quem come mais cachorro-quente... cachorro-quente, não... Hot dog!”.
Terminei com um dramático: “se um dia eu me acomodar na vida, você promete que me lembra dessa cena do cachorro quente?!”
Fico apavorado com essas terríveis visões de futuro. É como se Deus, ou alguma entidade que o valha, me jogasse na cara: se você não se cuidar, faço isso contigo. Como se prometesse me deixar gordo, plantado de frente para TV, com uma latinha de cerveja equilibrada sobre a barriga e vestígios de molho de macarrão na barba por fazer.
Nada contra quem ache lúdica e promissora a visão futura do gordo sentado no sofá.
Tenho amigos que não se incomodariam com isso e sorriem invejosamente quando vêem a imagem do Homer Simpson. Alguns até se imaginam como os grandes campeões do concurso ‘para ver quem come mais cachorro quente’ e, inclusive, já treinam para isso.
Também corro o risco de cair nessa.
Todos correm.
Talvez, ela esqueça de me chantagear com a cena do cachorro quente daqui a 5, 10, 20, 30 anos, quando o monstro da comodidade me atacar.
Talvez, o monstro ataque ela primeiro.
O fato é que me apavoro com isso. Me apavoro com a ideia da casa própria que nos prende eternamente no mesmo lugar, do carrão para a família, da comemoração dos 10 anos de trabalho com os amigos da repartição, do happy hour toda sexta e do sexo às quartas e sábados após à novela.
Talvez, eu tenha um bloqueio contra as coisas que ameaçam ser definitivas e insuportavelmente rotineiras.
Talvez, o alto número de “talvez” por frase denuncie a necessidade de buscar ajuda psicológica.
Farei isso depois, certamente. Depois do jogo de quarta à noite. Depois da macarronada de domingo. Depois do dia 10. Depois...
Enquanto isso, empurro com a, já protuberante, barriga.
Tentando me lembrar, em meio ao turbilhão de informações, compromissos e telefonemas, de não cair no lugar comum, me afundar na rotina, ou ir pelo caminho mais fácil.
Esperando escapar do dia em que ela vá interromper os meus resmungos e dizer: “lembra da cena do cachorro-quente...?”
4 comentários:
Eu me vi neste post.
Cara, você está louco! Todo mundo sabe que quarta, depois da novela, tem futebol. FU-TE-BOL!!!!
Ótima visão de um futuro não desejado, ou não!
E cara, justifica o texto!
Abraços!!!
Só faço este comentário para falar que li e gostei. Não deixe a preguiça te abater e continue a escrever por aqui. Mais outros detalhes só com um cerveja gelada na mesa.
Abraços
Eu pensava que só os estadunidenses eram estúpidos o suficiente para fazer um concurso de comer cachorros quentes, e só os estadunidenses fanáticos eram mais estúpidos ainda prá assistir. Pelo menos se a gente copiasse os bons costumes estadunidenses como... ahn.........
Enfim, o resto é silêncio!
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